Post originalmente publicado no Python Club.
Baseado na palestra que ofereci no encontro do Grupy-SP, em 12 de março de 2016. O código dessa atividade está disponível no meu GitHub.
A ideia desse exercício é introduzir a ideia de test driven development (TDD) usando Python e Flask — digo isso pois a aplicação final desse “tutorial” não é nada avançada, tampouco funcional. E isso se explica por dois motivos: primeiro, o foco é sentir o que é o driven do TDD, ou seja, como uma estrutura de tests first (sempre começar escrevendo os testes, e não a aplicação) pode guiar o processo de desenvolvimento; e, segundo, ser uma atividade rápida, de mais ou menos 1h.
Em outras palavras, não espere aprender muito de Python ou Flask. Aqui se concentre em sentir a diferença de utilizar um método de programar. Todo o resto é secundário.
1. Preparando o ambiente
Requisitos
Para esse exercício usaremos o Python versão 3.5.1 com o framework Flask versão 0.10.1. É recomendado, mas não necessário, usar um virtualenv.
Como o código é bem simples, não acho que você vá ter muitos problemas se utilizar uma versão mais antiga do Python (ou mesmo do Flask). Em todo caso, em um detalhe ou outro você pode se deparar com mensagens distintas se utilizar o Python 2.
Você pode verificar a versão do seu Python com esse comando:
$ python --version
Dependendo da sua instalação, pode ser que você tenha que usar python3
ao invés de python
— ou seja, o comando todo deve ser python3 --version
. O resultado deve ser esse:
Python 3.5.1
E instalar o Flask assim:
$ pip install Flask
O pip
é um gerenciador de pacotes do Python. Ele vem instalado por padrão nas versões mais novas do Python. Dependendo da sua instalação, pode ser que você tenha que usar pip3
ao invés de pip
— ou seja, o comando todo deve ser pip3 install Flask
. Com esse comando ele vai instalar o Flask e qualquer dependência que o Flask tenha:
Collecting Flask
Collecting Jinja2>=2.4 (from Flask)
Using cached Jinja2-2.8-py2.py3-none-any.whl
Collecting itsdangerous>=0.21 (from Flask)
Collecting Werkzeug>=0.7 (from Flask)
Using cached Werkzeug-0.11.4-py2.py3-none-any.whl
Collecting MarkupSafe (from Jinja2>=2.4->Flask)
Installing collected packages: MarkupSafe, Jinja2, itsdangerous, Werkzeug, Flask
Successfully installed Flask-0.10.1 Jinja2-2.8 MarkupSafe-0.23 Werkzeug-0.11.4 itsdangerous-0.24
Arquivos
Vamos usar, nesse exercício, basicamente 2 arquivos:
app.py
: onde criamos nossa aplicação web;tests.py
: onde escrevemos os testes que guiarão o desenvolvimento da aplicação, e que, também, garantirão que ela funcione.
2. Criando a base dos testes
No arquivo tests.py
vamos usar o módulo unittest, que já vem instalado por padrão no Python.
Criaremos uma estrutura básica para que, toda vez que esse arquivo seja executado, o unittest
se encarregue de encontrar todos os nossos testes e rodá-los.
Vamos começar escrevendo com um exemplo fictício: testes para um método que ainda não criamos, um método que calcule números fatoriais. A ideia é só entender como escreveremos testes em um arquivo (tests.py
) para testar o que escreveremos no outro arquivo (app.py
).
A estrutura básica a seguir cria um caso de teste da unittest
e, quando executada, teste nosso método fatorial(numero)
para todos os números de 0 até 6:
import unittest
class TestFatorial(unittest.TestCase):
def test_fatorial(self):
self.assertEqual(fatorial(0), 1)
self.assertEqual(fatorial(1), 1)
self.assertEqual(fatorial(2), 2)
self.assertEqual(fatorial(3), 6)
self.assertEqual(fatorial(4), 24)
self.assertEqual(fatorial(5), 120)
self.assertEqual(fatorial(6), 720)
if __name__ == '__main__':
unittest.main()
Se você conhece um pouco de inglês, pode ler o código em voz alta, ele é quase auto explicativo: importamos o módulo unittest (linha 1), criamos um objeto que é um caso de teste do método fatorial (linha 4), escrevemos um método de teste (linha 6) e esse método se assegura de que o retorno de fatorial(numero)
é o resultado que esperamos (linhas 5 a 11).
Agora podemos rodar os testes assim:
$ python testes.py
Veremos uma mensagem de erro, NameError
, pois não definimos nossa função fatorial(numero)
:
E
======================================================================
ERROR: test_fatorial (__main__.TestSimples)
----------------------------------------------------------------------
Traceback (most recent call last):
File "tests.py", line 7, in test_fatorial
self.assertEqual(fatorial(0), 1)
NameError: name 'fatorial' is not defined
----------------------------------------------------------------------
Ran 1 test in 0.001s
FAILED (errors=1)
Tudo bem, a ideia não é brincar com matemática agora. Mas vamos criar essa função lá no app.py
só para ver como a gente pode “integrar” esses dois arquivos — ou seja, fazer o tests.py
testar o que está em app.py
.
Vamos adicionar essas linhas ao app.py
:
def fatorial(numero):
if numero in (0, 1):
return 1
return numero * fatorial(numero - 1)
E adicionar essa linha no topo do tests.py
:
from app import fatorial
Agora, rodando os testes vemos que a integração entre app.py
e tests.py
está funcionando:
.
----------------------------------------------------------------------
Ran 1 test in 0.000s
OK
Ótimo. Chega de matemática, vamos ao TDD com Flask, um caso muito mais tangível do que encontramos no nosso dia-a-dia.
3. Primeiros passos para a aplicação web
Criando um servidor web
Como nosso foco é começar uma aplicação web, podemos descartar os testes e o método fatorial que criamos no passo anterior. Ao invés disso, vamos escrever um teste simples, para ver se conseguimos fazer o Flask criar um servidor web.
Descarte tudo do tests.py
substituindo o conteúdo do arquivo por essas linhas:
import unittest
from app import meu_web_app
class TestHome(unittest.TestCase):
def test_get(self):
app = meu_web_app.test_client()
response = app.get('/')
self.assertEqual(200, response.status_code)
if __name__ == '__main__':
unittest.main()
Esse arquivo agora faz quatro coisas referentes a nossa aplicação web:
- Importa o objeto
meu_web_app
(que ainda não criamos) do nosso arquivoapp.py
; - Cria uma instância da nossa aplicação web específica para nossos testes (é o método
meu_web_app.test_client()
, cujo retorno batizamos deapp
); - Tenta acessar a “raíz” da nossa aplicação — ou seja, se essa aplicação web estivesse no servidor
pythonclub.com.br
estaríamos acessando http://pythonclub.com.br/. - Verifica se, ao acessar esse endereço, ou seja, se ao fazer a requisição HTTP para essa URL, temos como resposta o código 200, que representa sucesso.
Os códigos de status de requisição HTTP mais comuns são o 200
(sucesso), 404
(página não encontrada) e 302
(redirecionamento) — mas a lista completa é muito maior que isso.
De qualquer forma não conseguiremos rodar esses testes. O interpretador do Python vai nos retornar um erro:
ImportError: cannot import name 'meu_web_app'
Então vamos criar o objeto meu_web_app
lá no app.py
. Descartamos tudo que tínhamos lá substituindo o contéudo do arquivo por essas linhas:
from flask import Flask
meu_web_app = Flask()
Apenas estamos importando a classe principal do Flask, e criando uma instância dela. Em outras palavras, estamos começando a utilizar o framework.
E agora o erro muda:
Traceback (most recent call last):
File "tests.py", line 2, in <module>
from app import meu_web_app
File "/Users/cuducos/Desktop/flask/app.py", line 3, in <module>
meu_web_app = Flask()
TypeError: __init__() missing 1 required positional argument: 'import_name'
Importamos nosso meu_web_app
, mas quando instanciamos o Flask temos um problema. Qual problema? O erro nos diz: quando tentamos chamar Flask()
na linha 3 do app.py
está faltando um argumento posicional obrigatório (missing 1 required positional argument). Estamos chamando Flask()
sem nenhum argumento. O erro ainda nos diz que o que falta é um nome (import_name). Vamos batizar nossa instância com um nome:
meu_web_app = Flask(`meu_web_app`)
E agora temos uma nova mensagem de erro, ou seja, progresso!
Eu amo testes que falham! A melhor coisa é uma notificação em vermelho me dizendo que os testes estão falhando. Isso significa que eu tenho testes e que eles estão funcionando!
F
======================================================================
FAIL: test_get (__main__.TestHome)
----------------------------------------------------------------------
Traceback (most recent call last):
File "tests.py", line 10, in test_get
self.assertEqual(200, response.status_code)
AssertionError: 200 != 404
----------------------------------------------------------------------
Ran 1 test in 0.015s
FAILED (failures=1)
Temos uma aplicação web rodando, mas quando tentamos acessar a raíz dela, ela nos diz que a página não está definida, não foi encontrada (é o que nos diz o código 404
).
Criando nossa primeira página
O Flask facilita muito a criação de aplicações web. De forma simplificada a qualquer método Python pode ser atribuída uma URL. Isso é feito com um decorador:
@meu_web_app.route('/')
def pagina_inicial():
return ''
Adicionando essas linhas no app.py
, os testes passam:
.
----------------------------------------------------------------------
Ran 1 test in 0.013s
OK
Se a curiosidade for grande, esse artigo (em inglês) explica direitinho como o Flask.route(rule, **options)
funciona: Things which aren’t magic - Flask and @app.route.
Para garantir que tudo está certinho mesmo, podemos adicionar mais um teste. Queremos que a resposta do servidor seja um HTML:
def test_content_type(self):
app = meu_web_app.test_client()
response = app.get('/')
self.assertIn('text/html', response.content_type)
Rodando os testes, veremos que agora temos dois testes. E ambos passam!
Eliminando repetições
Repararam que duas linhas se repetem nos métodos test_get()
e test_content_type()
?
app = meu_web_app.test_client()
response = app.get('/')
Podemos usar um método especial da classe unittest.TestCase
para reaproveitar essas linhas. O método TestCase.setUp()
é executado ao iniciar cada teste, e através do self
podemos acessar objetos de um método a partir de outro método:
class TestHome(unittest.TestCase):
def setUp(self):
app = meu_web_app.test_client()
self.response = app.get('/')
def test_get(self):
self.assertEqual(200, self.response.status_code)
def test_content_type(self):
self.assertIn('text/html', self.response.content_type)
Não vamos precisar nesse exemplo, mas o método TestCase.tearDown()
é executado ao fim de cada teste (e não no início, como a setUp()
). Ou seja, se precisar repetir algum comando sempre após cada teste, a unittest
também faz isso para você.
4. Preenchendo a página
Conteúdo como resposta
Temos um servidor web funcionando, mas não vemos nada na nossa aplicação web. Podemos verificar isso em três passos rápidos:
Primeiro adicionamos essas linhas ao app.py
para que, quando executarmos o app.py
(mas não quando ele for importado no tests.py
), a aplicação web seja iniciada:
if __name__ == "__main__":
meu_web_app.run()
Depois executamos o arquivo:
$ python app.py
Assim vemos no terminal essa mensagem:
* Running on http://127.0.0.1:5000/ (Press CTRL+C to quit)
Se acessarmos essa URL no nosso navegador, podemos ver a aplicação rodando: http://127.0.0.1:5000/.
E veremos que realmente não há nada, é uma página em branco.
Vamos mudar isso! Vamos construir o que seria uma página individual, mostrando quem a gente é. Na minha vou querer que esteja escrito (ao menos), meu nome. Então vamos escrever um teste para isso:
def test_content(self):
self.assertIn('Eduardo Cuducos', self.response.data)
Feito isso, teremos uma nova mensagem de erro nos testes:
TypeError: a bytes-like object is required, not 'str'
Essa mensagem nos diz que estamos comparando uma string com um objeto que é de outro tipo, que é representado por bytes. Não é isso que queremos. Como explicitamente passamos para o teste uma string com nosso nome, podemos assumir que é o self.response.data
que vem codificado em bytes. Vamos decodificá-lo para string.
Bytes precisam ser decodificados para string (método
decode
). Strings precisam ser codificados para bytes para então mandarmos o conteúdo para o disco, para a rede (métodoencode
).
def test_content(self):
self.assertIn('Eduardo Cuducos', self.response.data.decode('utf-8'))
Assim temos uma nova mensagem de erro:
AssertionError: 'Eduardo Cuducos' not found in "b''"
Nossa página está vazia, logo o teste não consegue encontrar meu nome na página. Vamos resolver isso lá no app.py
:
@meu_web_app.route('/')
def pagina_inicial():
return 'Eduardo Cuducos'
Agora temos os testes passando, e podemos verificar isso vendo que temos o nome na tela do navegador.
...
----------------------------------------------------------------------
Ran 3 tests in 0.015s
OK
Apresentando o conteúdo com HTML
O Python e o Flask cuidam principalmente do back-end da apliacação web — o que ocorre “por trás dos panos” no lado do servidor.
Mas temos também o front-end, que é o que o usuário vê, a interface com a qual o usuário interage. Normalmente o front-end é papel de outras linguagens, como o HTML, o CSS e o JavaScript.
Vamos começar com um HTML básico, criando a pasta templates
e dentro dela o arquivo home.html
:
<!DOCTYPE HTML>
<html>
<head>
<title>Eduardo Cuducos</title>
</head>
<body>
<h1>Eduardo Cuducos</h1>
<p>Sociólogo, geek, cozinheiro e fã de esportes.</p>
</body>
</html>
Se a gente abrir essa página no navegador já podemos ver que ela é um pouco menos do que o que a gente tinha antes. Então vamos alterar nosso test_content()
para garantir que ao invés de termos somente a string com nosso nome na aplicação, tempos esse template renderizado:
def test_content(self):
response_str = self.response.data.decode('utf-8')
self.assertIn('<title>Eduardo Cuducos</title>', str(response_str))
self.assertIn('<h1>Eduardo Cuducos</h1>', str(response_str))
self.assertIn('<p>Sociólogo, ', str(response_str))
Assim vemos nossos testes falharem:
F..
======================================================================
FAIL: test_content (__main__.TestHome)
----------------------------------------------------------------------
Traceback (most recent call last):
File "tests.py", line 18, in test_content
self.assertIn('<title>Eduardo Cuducos</title>', str(self.response.data))
AssertionError: '<title>Eduardo Cuducos</title>' not found in "b'Eduardo Cuducos'"
----------------------------------------------------------------------
Ran 3 tests in 0.017s
FAILED (failures=1)
Criamos um HTML, mas ainda não estamos pedindo para o Flask utilizá-lo. Temos nossa home.html
dentro da pasta templates
pois é justamente lá que o Flask vai buscar templates. Sabendo disso, podemos fazer nosso método index()
retornar não a string, mas o template:
from flask import Flask, render_template
…
@meu_web_app.route('/')
def pagina_inicial():
return render_template('home.html')
Assim voltamos a ter testes passando — e a página fica um pouco mais apresentável.
Formatando o conteúdo com CSS
Para não perder muito o foco do Python, TDD e Flask, vamos utilizar um framework CSS que se chama Bootstrap. Incluindo o CSS desse framework no nosso HTML, e utilizando algumas classes especificas dele, conseguimos dar uma cara nova para nossa aplicação.
Vamos escrever um teste para verificar se estamos mesmo carregando o Bootstrap:
def test_bootstrap_css(self):
response_str = self.response.data.decode('utf-8')
self.assertIn('bootstrap.min.css', response_str)
Os testes falham. Temos que linkar o CSS do Bootstrap em nosso HTML. Ao invés de baixar o Bootstrap, vamos utilizar o servidor CDN que eles mesmo recomendam. É só incluir essa linha no <head>
do nosso HTML:
<link rel="stylesheet" href="https://maxcdn.bootstrapcdn.com/bootstrap/3.3.6/css/bootstrap.min.css">
Agora, com os testes passando, vamos utilizar as classes do Bootstrap para formatar melhor nossa página. Vamos retirar nosso <h1>
e <p>
e, ao invés disso, partir do componente Jumbotron fazendo algumas pequenas alterações:
<div class="container">
<div class="jumbotron">
<img src="https://avatars.githubusercontent.com/u/4732915?v=3&s=128" alt="Eduardo Cuducos" class="img-circle">
<h1>Eduardo Cuducos</h1>
<p>Sociólogo, geek, cozinheiro e fã de esportes.</p>
<p><a class="btn btn-primary btn-lg" href="http://twitter.com/cuducos" role="button">Me siga no Twitter</a></p>
</div>
</div>
Com essa página “incrementada” podemos ainda refinar nossos testes, garantindo que sempre temos a foto e o link:
def test_profile_image(self):
response_str = self.response.data.decode('utf-8')
self.assertIn('<img src="', response_str)
self.assertIn('class="img-circle"', response_str)
def test_link(self):
response_str = self.response.data.decode('utf-8')
self.assertIn('href="http://twitter.com/cuducos"', response_str)
self.assertIn('>Me siga no Twitter</a>', response_str)
Pronto, agora temos uma página formatada para mostrar para nossos colegas, com todos os testes passando:
......
----------------------------------------------------------------------
Ran 6 tests in 0.024s
OK
5. Conteúdos dinâmicos
Passando variáveis para o contexto do template
O problema da nossa página é que ela é estática. Vamos usar o Python e o Flask para que quando a gente acesse /cuducos
a gente veja a minha página, com meus dados. Mas caso a gente acesse /z4r4tu5tr4
, a gente veja o conteúdo referente ao outro Eduardo que palestrou comigo no Grupy.
Antes de mudar nossas URLS, vamos refatorar nossa aplicação e — importantíssimo! — os testes tem que continuar passando. A ideia é evitar que o conteúdo esteja “fixo” no template. Vamos fazer o conteúdo ser passado do método pagina_principal()
para o template.
A ideia é extrair todo o conteúdo do nosso HTML criando um dicionário no app.py
:
CUDUCOS = {'nome': 'Eduardo Cuducos',
'descricao': 'Sociólogo, geek, cozinheiro e fã de esportes.',
'url': 'http://twitter.com/cuducos',
'nome_url': 'Twitter',
'foto': 'https://avatars.githubusercontent.com/u/4732915?v=3&s=128'}
E, na sequência, usar esse dicionário para passar uma variável chamada perfil
para o contexto do template:
@meu_web_app.route('/')
def pagina_inicial():
return render_template('home.html', perfil=CUDUCOS)
Por fim, vamor utilizar, ao invés das minhas informações, a variável perfil
no template:
<!DOCTYPE HTML>
<html>
<head>
<title></title>
<link rel="stylesheet" href="https://maxcdn.bootstrapcdn.com/bootstrap/3.3.6/css/bootstrap.min.css">
</head>
<body>
<div class="container">
<div class="jumbotron">
<img src="" alt="" class="img-circle">
<h1></h1>
<p></p>
<p><a class="btn btn-primary btn-lg" href=""
role="button">Me siga no </a></p>
</div>
</div>
</body>
</html>
Feito isso, temos todas as informações disponíveis no nosso ambiente Python, e não mais no HTML. E os testes nos garantem que no final das contas, para o usuário, a página não mudou — ou seja, estamos mostrando as informações corretamente.
Criando conteúdo dinâmico
Vamos agora criar um outro dicionário para termos informações de outras pessoas. E vamos juntar todos os perfis em uma variável chamada PERFIS
:
MENDES = {'nome': 'Eduardo Mendes',
'descricao': 'Apaixonado por software livre e criador de lambdas.',
'url': 'http://github.com/z4r4tu5tr4',
'nome_url': 'GitHub',
'foto': 'https://avatars.githubusercontent.com/u/6801122?v=3&s=128'}
PERFIS = {'cuducos': CUDUCOS,
'z4r4tu5tr4': MENDES}
Agora, se utilizarmos nossa pagina_principal()
com o primeiro perfil, nossos testes passam. Podemos passar o outro perfil e ver, no navegador, que já temos a nossa página com outras informações:
@meu_web_app.route('/')
def pagina_inicial():
return render_template('home.html', perfil=PERFIS['z4r4tu5tr4'])
Mas se rodarmos os testes assim, veremos duas falhas:
.F..F.
======================================================================
FAIL: test_content (__main__.TestHome)
----------------------------------------------------------------------
Traceback (most recent call last):
File "tests.py", line 19, in test_content
self.assertIn('<title>Eduardo Cuducos</title>', str(response_str))
AssertionError: '<title>Eduardo Cuducos</title>' not found in '<!DOCTYPE HTML>\n<html>\n <head>\n <title>Eduardo Mendes</title>\n <link rel="stylesheet" href="https://maxcdn.bootstrapcdn.com/bootstrap/3.3.6/css/bootstrap.min.css">\n </head>\n <body>\n <div class="container">\n <div class="jumbotron">\n <img src="https://avatars.githubusercontent.com/u/6801122?v=3&s=128" alt="Eduardo Mendes" class="img-circle">\n <h1>Eduardo Mendes</h1>\n <p>Apaixonado por software livre e criador de lambdas.</p>\n <p><a class="btn btn-primary btn-lg" href="http://github.com/z4r4tu5tr4"\n role="button">Me siga no GitHub</a></p>\n </div>\n </div>\n </body>\n</html>'
======================================================================
FAIL: test_link (__main__.TestHome)
----------------------------------------------------------------------
Traceback (most recent call last):
File "tests.py", line 34, in test_link
self.assertIn('href="http://twitter.com/cuducos"', response_str)
AssertionError: 'href="http://twitter.com/cuducos"' not found in '<!DOCTYPE HTML>\n<html>\n <head>\n <title>Eduardo Mendes</title>\n <link rel="stylesheet" href="https://maxcdn.bootstrapcdn.com/bootstrap/3.3.6/css/bootstrap.min.css">\n </head>\n <body>\n <div class="container">\n <div class="jumbotron">\n <img src="https://avatars.githubusercontent.com/u/6801122?v=3&s=128" alt="Eduardo Mendes" class="img-circle">\n <h1>Eduardo Mendes</h1>\n <p>Apaixonado por software livre e criador de lambdas.</p>\n <p><a class="btn btn-primary btn-lg" href="http://github.com/z4r4tu5tr4"\n role="button">Me siga no GitHub</a></p>\n </div>\n </div>\n </body>\n</html>'
----------------------------------------------------------------------
Ran 6 tests in 0.024s
FAILED (failures=2)
Os testes nos dizem que bagunçamos as informações. Os testes de conteúdo não encontram mais Eduardo Cuducos
na página, nem o link para http://twitter.com/cuducos
.
Vamos arrumar isso fazendo um caso de teste para cada perfil. Vamos mudar também nosso esquema de URL. Ao invés de testar a raíz da aplicação, vamos testar se em /nome-do-usuário
vemos as informações desse usuário.
Vamos renomear TestGet
para TestCuducos
e mudar a URL no setUp()
:
class TestCuducos(unittest.TestCase):
def setUp(self):
app = meu_web_app.test_client()
self.response = app.get('/cuducos')
Agora podemos duplicar toda essa classe renomeando-a para TestZ4r4tu5tr4
, substituindo as informações pertinentes:
class TestZ4r4tu5tr4(unittest.TestCase):
def setUp(self):
app = meu_web_app.test_client()
self.response = app.get('/z4r4tu5tr4')
def test_get(self):
self.assertEqual(200, self.response.status_code)
def test_content_type(self):
self.assertIn('text/html', self.response.content_type)
def test_content(self):
response_str = self.response.data.decode('utf-8')
self.assertIn('<title>Eduardo Mendes</title>', str(response_str))
self.assertIn('<h1>Eduardo Mendes</h1>', str(response_str))
self.assertIn('<p>Apaixonado por software livre', str(response_str))
def test_bootstrap_css(self):
response_str = self.response.data.decode('utf-8')
self.assertIn('bootstrap.min.css', response_str)
def test_profile_image(self):
response_str = self.response.data.decode('utf-8')
self.assertIn('<img src="', response_str)
self.assertIn('class="img-circle"', response_str)
def test_link(self):
response_str = self.response.data.decode('utf-8')
self.assertIn('href="http://github.com/z4r4tu5tr4"', response_str)
self.assertIn('>Me siga no GitHub</a>', response_str)
Testes prontos… e falhando, claro. Não mudamos nosso esquema de URLs no Flask. Voltemos ao app.py
.
Podemos começar com algo repetitivo, mas simples:
@meu_web_app.route('/cuducos')
def pagina_inicial_cuducos():
perfil = PERFIS['cuducos']
return render_template('home.html', perfil=perfil)
@meu_web_app.route('/z4r4tu5tr4')
def pagina_inicial_z4r4tu5tr4():
perfil = PERFIS['z4r4tu5tr4']
return render_template('home.html', perfil=perfil)
Como resultado, temos nossa aplicação com conteúdo dinâmico, com testes passando e funcionando!
Podemos melhorar um pouco mais. Essa repetição dos métodos pagina_inicial_cuducos()
e pagina_inicial_z4r4tu5tr4()
é facilmente evitada no Flask:
@meu_web_app.route('/<perfil>')
def pagina_inicial(perfil):
perfil = PERFIS[perfil]
return render_template('home.html', perfil=perfil)
Agora o Flask recebe uma variável perfil
depois da /
(e sabemos que é uma variável pois envolvemos o nome perfil
entre os sinais de <
e >
). E utilizamos essa variável para escolher qual perfil passar para nosso tempate.
Considerações finais
Se chegou até aqui, vale a pena ressaltar que esse post tem apenas o objetivo de introduzir a ideia básica do TDD. Ou seja: ver como o hábito, o método de programar pouco a pouco (baby steps) e sempre começando com os testes te dão dois benefícios sensacionais: eles não só garantem que a aplicação funcionará como esperado, mas eles guiam o próprio processo de desenvolvimento. As mensagens de erro te dizer – muitas vezes literalmente — o qual é a próxima linha de código que você vai escrever.
E, se chegou até aqui, talvez você queira se aprofundar nos assuntos dos quais falamos. Além de inúmeros posts aqui do blog, ressalto mais algumas referências.
Leituras recomendadas para conhecer mais sobre Flask:
- Em português: Tutorial (ainda incompleto) do Bruno Rocha
- Em inglês: Tutorial ou livro do Miguel Grinberg
Leitura recomendada para conhecer mais sobre TDD:
- Em inglês: Livro do Harry Percival
- Em inglês: essa resposta no Stack Overflow sobre unit, integration, functional e acceptance test.
Quem aprendeu alguma coisa nova?